quarta-feira, 6 de maio de 2009

Simulacro e narrativa




Dois textos do Antoine Compagnon, O Simulacro e Mostrar. Ambos fazem parte d'O Trabalho da citação (reeditado pela ufmg em 2007). Neles, Compagnom traça um curto trajeto do problema da mimésis e da hierarquia das imagens discutida na República por Platão. Segundo Platão a cadeia hierárquica seria composta assim: 1º eidos (ideia) 2º eidolon (cópia) 3º phantasma (cópia da cópia ou simulacro). Ou seja, para Platão o terceiro grrau da hierarquia seria a perverção do modelo, não teria valor. N o entanto no Sofista, aparece uma relação diferente entre Platão e a imagem ( sempre as imagens). Passa a considerar a cópia da cópia como imagens más e fabricantes de ilusão. Passa-se assim a uma questão de discurso, de narrativa (diégésis), de divisão do discurso em direto e indireto. Platao considerava o discurso indireto com oa imagem e o indireto com o imagem má. Não e de se espantar, pois o discurso indireto foi oescolhido por ele para elaborar seus diálogos e narrar o pensamento de Sócrates. Podemos pensar então que o acontecimento se dá no atrito destes corpos, ou seja, quando o sujeito choca sua 'voz' com o discurso a que va narrar ou ainda, quando escrevemos para criar um outro corpo que inevitavelmente (esperamos) se chorcará com outro e este lhe atribuirá um sentido diverso daquele que o motivou a ser escrito. cito Compagnon

"Em resumo, a repetição (o discurso direto ou a citação) seria condenável menos por realçar a mimésis que por ser um simulacro, imagem má: ela é animada pela malícia, é geradora de não-ser e indutora de falsidade; assemelha-se aos procedimentos sofistas que usam e abusam do poder mágico do logos para produzir a ilusão e a trapaça, o discurso sem denotação."

Importante neste problema é o limiar. o território onde se encotra o corpo que recebe esta imagem (leitor, espectador) sem esta outra margem não há o simulacro, nada acontece. mas isso já nçao seria um acontecimento? O vazio?E quando este simulacro aquiquire autonomia sem que precise de um modelo? Quando a imagem criada seja flutuante, que já não esteja com a âncora lançada ao fundo do mar, ao lodo do modelo? O phantasma à solta.

Não à toa surge Pierre Ménard. Não à toa A rainha dos cárceres da Grécia de Osman Lins. Aqui o escritor repete o livro homônimo mas dispensa o modelo, não o acessamos, temos apenas outros semblantes dados pelo narrador do diário, o arconte, aquele que tem o arquivo, mas não tem memória, esquece-se de si mesmo; é seu próprio fantasma.


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Encontrei este texto sobre Deleuze
http://publique.rdc.puc-rio.br/revistaalceu/media/alceu_n9_abreu.pdf

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